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Crateras atacam 14 bairros de Maceió d645c
Assustada, população vê perigo avançar; autoridades desconhecem até locais em risco e especialistas apontam soluções 4966z

Um estudo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) mapeou pelo menos 17 voçorocas em Maceió. Durante os últimos dias, a Tribuna Independente esteve em pelo menos três delas. Na Ladeira do Catolé, no Benedito Bentes (onde estão localizadas sete voçorocas) e no bairro Santa Amélia, o tamanho das crateras gigantes assusta os moradores, aguça a pesquisa de especialistas e cresce a olhos vistos e – silenciosos – do poder público municipal.
As pesquisas da Universidade mostram também voçorocas no Tabuleiro dos Martins, na Chã da Jaqueira, na Chã de Bebedouro, no distrito de Fernão Velho, na Serraria, no Feitosa, no Sítio São Jorge em Jacarecica, em Ipioca, Riacho Doce e na Pescaria.
A equipe de reportagem registrou as voçorocas com imagens aéreas, fotografias convencionais, ouviu relatos preocupantes de moradores, entrevistou pesquisadores da Ufal e procurou os órgãos públicos municipais a fim de cobrar uma solução definitiva para a população. A constatação dos estudiosos é que se nada for feito, parte da capital pode ser engolida pelas crateras gigantes que crescem a olhos vistos.
Ao ser procurada para apontar soluções, por exemplo, para a voçoroca do bairro Santa Amélia, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) mostrou desconhecer o problema. Pediu à equipe que enviasse foto e localização da cratera. A voçoroca da Santa Amélia tem 150 metros de largura, 100 metros de profundidade e está a 30 metros da principal via do bairro.
A voçoroca é um fenômeno geológico que consiste na formação de grandes buracos de erosão causados pela chuva e intempéries. A erosão acontece em solos onde a vegetação é escassa, deixando o solo vulnerável ao carregamento por enxurradas.
A água da chuva, ao invés de infiltrar no solo, corre pela superfície e, em áreas sem cobertura vegetal, começa a escavar sulcos. Esses sulcos vão se tornando maiores e mais profundos, formando buracos ou crateras. Práticas como o desmatamento, a construção de estradas, a mineração e a agricultura intensiva podem acelerar a erosão e a formação de voçorocas.
O professor da Ufal, Bruno Ferreira, é doutor e mestre em Geociências pela Universidade Federal de Pernambuco. Segundo ele, a sociedade ocupa o relevo e o transforma no palco das diversas ações humanas, como a moradia, o trabalho e as diversas atividades socioeconômicas culturais. Quando as características do relevo são levadas em consideração, durante o planejamento territorial, processo de ocupação e uso das terras, a tendência é que os processos erosivos não causem transtornos à população nem as esferas produtivas.
O professor que tem experiência na área de Geociências, com ênfase para a Geografia Física e Geografia Física Aplicada, salientou que entender o relevo e respeitar suas características processuais deveria ser a base para o processo de ocupação de uma área.
“Em Maceió, boa parte da cidade foi sendo edificada sem que as características naturais fossem levadas em consideração, ora por desinformação e falta de o, quando das populações mais pobres, excluídas do o aos meios formais de aquisição de residências,”, explicou.
FENÔMENO 51561
Cortes de barreiras para abrir avenidas colaboraram 6y4835
De acordo com o professor Bruno Ferreira, para interligar as partes baixas e altas da Cidade, diversas avenidas e rodovias foram sendo construídas. Para isso, fez-se necessário a realização de cortes em encostas íngremes. Algumas dessas áreas, ao longo dos anos, foram sofrendo com a falta de manutenção, desmatamentos, incêndios que destruíram a cobertura vegetal, cortes secundários para a extração de material para aterro, descarte irregular de lixo, drenagens clandestinas, com despejo de esgoto. Processos que desestabilizam as encostas e colocam em risco os eixos viários e a população que precisa circular nessas áreas em dias chuvosos”, argumentou.
Um exemplo bem marcado na paisagem urbana de Maceió citado pelo professor é a presença de intensos processos erosivos na Ladeira do Catolé, voçorocamentos, cicatrizes erosivas profundas que ocorrem pela sobrecarga de drenagem nas encostas, seja por canalização natural, quando há apenas o desmatamento, ou pela descarga de águas de esgotos e de chuva, quando da ausência de esgotamento sanitário e galerias de escoamento pluvial adequados nas áreas residenciais.
Conforme Bruno Ferreira, o processo que vem ocorrendo, por exemplo, na Ladeira do Catolé não é novidade.
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Soluções para deter avanço das voçorocas são complexas 674k3m
Mas, qual a solução? Na avaliação do professor doutor, os processos de voçorocamento são complexos e podem avançar muito, especialmente sobre solos profundos, argilosos, porosos e estruturados em encostas escarpadas, configuração ambiental presente em Maceió. “Soluções para frear ou ao menos desacelerar o processo de voçorocamento envolvem a implementação de obras estruturais, requalificação da drenagem de águas pluviais e esgoto, bem como, ações de reflorestamento e educação ambiental na área”, defendeu.
A autônoma Alice Suellen, 22 anos, mora na Travessa das Chagas. O local é próximo da amiga Miriam Lima. Juntas, vez ou outra, vão ao mesmo ponto que criaram, de forma empírica, para observar a voçoroca tomar conta do bairro.

“Gosto daqui. Não queria ter que me mudar. Tomara que a situação seja resolvida. Somos muitos aqui. Merecemos respeito do poder público. Se as casas forem engolidas, o que será de nós, dos nossos futuros?”, indaga.
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Erosões são causadas por falha no manejo 15iu
O arquiteto e urbanista formado pela Ufal, Dilson Batista Ferreira, explicou que essas erosões são causadas, em sua maioria, por falhas no manejo da água e pelo uso inadequado do solo, como ocupação irregular.
“A principal causa é a drenagem inadequada ou sem manutenção das águas pluviais: quando a água da chuva não é corretamente captada e direcionada, ela escoa de forma concentrada e em alta velocidade, removendo o solo e abrindo sulcos que se aprofundam com o tempo. A retirada da vegetação nativa agrava o problema, pois as raízes que estabilizam o solo são eliminadas, deixando-o vulnerável à ação da água”.
Na sua avaliação, para evitar que as erosões avancem e destruam casas e estradas, é fundamental controlar o principal fator que as provoca: o escoamento inadequado da água da chuva esse é o fator principal. Isso se resolve com sistemas de drenagem pluvial bem projetados e dimensionados adequadamente, que direcionam a água de forma segura.
“Além disso, é essencial preservar e recuperar a vegetação em encostas e taludes, pois as raízes ajudam a estabilizar o solo. Também se deve evitar a impermeabilização excessiva do solo, que aumenta o volume e a velocidade da água superficial.”, disse. Na semana ada, a Justiça bloqueou de mais de R$ 2 milhões de reais da Seminfra para obra de contenção na cratera do Benedito Bentes. A sentença atendeu a um pedido da Defensoria Pública do Estado com o objetivo de garantir obras de contenção de encosta na região.
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